Deixar para depois

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Houve uma época na história do homem que este, rotineiramente, reagia e, de fato, deveria reagir diante dos estímulos que a todo momento eram colocados à sua frente. Tinha fome então precisava buscar o alimento, se o lugar onde se encontrava estava devastado então deveria definir seu programa migratório, sentia frio então buscava abrigo, a segurança era uma preocupação constante. Isso nos fez seres sensíveis a impulsos, ao estabelecimento de preferências em função do imediatismo das necessidades.

O mundo mudou, hoje não precisamos mais literalmente buscar diariamente o alimento, o abrigo, a segurança. Isso é parte de nossa estrutura de vida, é parte da atividade de alguém. As ações impulsivas ainda presentes tornam-se, por vezes, inoportunas.

As consequências de nosso imediatismo, de nossa sempre presente reação a estímulos é nossa dificuldade com as ações de longo prazo. Cuidar do presente sempre foi muito mais importante do que pensar no futuro, mas a vida moderna é bem mais adaptada a ações e metas de médio e longo prazo.

O problema é que causa-nos desconforto quando deixamos de fazer algo no prazo ajustado.

Acusamo-nos de preguiçosos. Bem, a preguiça se caracteriza pela falta de vontade de fazer. Acusamo-nos de procrastinadores, queremos cumprir a tarefa, mas algo maior, um forte motivo, desconhecido, nos impede de realizar. Ficamos reagindo a estímulos, agindo impulsivamente diante do que acontece a nossa volta.

Resta-nos, então, sentirmo-nos culpados, tensos, ansiosos, culpando-nos por não conseguir cumprir o programado.

A má notícia é que todos somos assim, uns mais, outros menos, uns mais disciplinados e buscam racionalmente cumprir, outros obcecados pelo cronograma e o perseguem quase irracionalmente, há os irresponsáveis que se acomodam e também outros mais.

A boa notícia é que podemos conhecer os porquês e quem sabe, com isso, nos ajudar. Piers Stell, em seu livro “A equação de deixar para depois” identificou causas que colaboram com a procrastinação.

Com certeza adiamos as coisas por falta de confiança, muitas vezes por acharmos a tarefa chata, mas principalmente pela distração provocada pela impulsividade. Todos nós temos nossas armadilhas, sejamos estagiários ou executivos.

A maturidade pode amenizar a procrastinação, está longe de garantir o sucesso, mas agrega muito no “controlar” as distrações e na composição das ações.

Procrastinar não quer dizer necessariamente não entregar. Por vezes realizamos as tarefas no último momento e isso é desgastante. Quanto mais próximo do momento da entrega estivermos menor será a oportunidade de administrar um eventual desvio ou problema não previsto e, na prática, temos consciência desse fato todo o tempo.

Outro ponto importante é que não há como afirmar que alguém esteja deliberadamente deixando de cumprir uma tarefa. Podemos, no máximo, supor. Em alguns momentos, para alguns, não fazer nada é parte do programa de execução.

Bem, minha expectativa é tornar conhecido que todo mundo, de alguma maneira, adia seus compromissos, procrastina e, então, vamos viver menos tensos, com menos culpa, buscando processos que nos permitam continuar a construir.

Ah! Avalie seus impulsos antes de uma ação!

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