Estava ouvindo, por absoluto acaso, uma música cantada pela Maria Gadú, chamada “Culpa” e me chamou a atenção a última frase da música “…não durma antes de sonhar…”, dormi pensando no conteúdo absurdo que essa pequena frase possui.
Lembrei das vezes que parei para sonhar…lendo um livro, olhando uma revista, um filme…tudo precisava ter a aventura, o inédito, o inusitado…
Quando acordava dos meus recorrentes sonhos observava que nem tudo na minha vida era favorável a eles. Minha saída, então, era viver com ousadia a infância, a adolescência como se o mundo fosse acabar no outro dia pela manhã. Foram tempos inesquecíveis, com uma intensa contribuição do meu pai que, muitas vezes, apesar de longe, me enchia de dicas e ideias de como fazer as coisas ficarem mais fáceis ou mais emocionantes.
Sonhar sempre me perseguiu.
Consegui entender muito rapidamente que precisamos e devemos ser irresponsáveis ao sonhar. Sonhar sem limites. Tudo é possível. Tudo é permitido. Claro está, que a vida impõe os limites quando decidirmos por concretizar alguns de nossos sonhos, estará sobre nós a pressão da sociedade e chegaremos a questionar nossas próprias existências.
Hoje, estudando pessoas, observo que alguns de nós, por razões não tão fáceis de explicar, aprenderam e colocaram o sonhar em suas vidas outros se abstém de sonhar. Fico imaginando o que será que esses, que pouco sonham, perseguem em suas vidas?
Outra observação importante é que uma das bases do sonhar está na autoestima, em nossa suposta capacidade de realização, que, se for atingida e não tivermos ajuda, pode nos danificar pelo resto de nossas vidas.
Interferir, sem cuidados, sem critérios, sem porquês, na vida de uma pessoa que se encontra tutelada de alguma forma, seja um filho, um subordinado, um aluno, pode comprometer em muito a capacidade de sonhar e aí a alegria se esvai, pois sonhar é, no seu mais profundo sentido, a antecipação da vida, vivemos de fato nossos sonhos, quando livres.
Com a maturidade acontecendo desenvolvemos técnicas para sonhar, analisamos onde estamos e comparamos onde queremos chegar. Há os que a partir desse ponto, mesmo sem saber, constroem uma imaginária matriz SWOT, avaliando forças, fraquezas, ameaças e oportunidades e definem um plano de ação. Outros olham o caminho, como uma viagem offroad, se interessam em manter a direção correta ao destino, mas caminham cuidando de cada obstáculo de forma singela garantindo sempre o próximo passo. Sempre sonhamos, faz parte de nós.
Lembrando Abílio Diniz, fundador do Grupo Pão de Açúcar, “…enquanto alguns sonham com sucesso, nós acordamos cedo para consegui-lo…”. Sonhar e não fazer nada não é uma opção inteligente. É preciso agir todo o tempo. É preciso ter foco a ponto de poder se divertir, ter outros sonhos e não perder o “fio da meada” que está buscando.
Não se permita viver uma vida sem sonhos intensos. Não permita que sonhos intensos recorrentes o impeçam de realizar. Não permita que sua autoestima seja atingida e jamais se descuide correndo o risco de atingir a de outrem.
Planeje a longo prazo ou olhe para o caminho sem perder a direção, pouco importa. O que importa é sonhar!
“Mais vale sonharmos a nossa vida do que vivê-la, embora vivê-la seja também sonhar”
Marcel Proust
*Parafraseando Mario Quintana
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